Vovó
Sirlei
Para alguns era
chamada de Sirlei, para mim “vovó
Sirlei”! Uma mulher de pouca estatura, porém gigante como poucas. O curto e
grosso cabelo já envolvido pelo alvor de décadas contrasta com a pele num viso
que testemunha a árdua jornada que acabou por fazer dela o retrato de uma
metamorfose justa do amor, e dor! A face altiva- de um corpo agora fragilizado
- é marca desta mãe vencedora. A força que sempre surge, resulta em doce de
abóbora; em broinha; no pão que a mão amassa; no tempero para o almoço; na
conversa acalorada. Vovó Sirlei da mão pequena, dos braços finos, mulher de
nariz alongado de olhos esverdeados! Vovó para mim, para tua filha mais velha
para teu neto com quem, acredito tivestes os melhores tempos de tua vida! A
companhia do neto amigo e confidente fora um marco nesta tua trajetória de
conquistas e de orgulho. Motivo mais que suficiente para teus inventos na pequena
cozinha onde a máquina de costura parecia não ocupar espaço algum tamanho
carinho que tinhas por aquele pedacinho da casa, tamanho amor em tudo que fazias.
Em meio a fumaça de frituras, a cheiro de gordura não te importavas jamais!
Queria era fazer mais e mais. Bolinho de chuva com canela, polenta e mandioca frita
ovo com salame, e doce de abóbora. Muito doce de abóbora que só tu sabias
fazer. Tudo muito rápido! O cardápio se
precisa (ou exigido) era variado e de um tempero ímpar. Teus quitutes, tuas
manias, as broncas as risadas, as aulas de matemática, o afago que acabaram por
desfazer cachos do acastanhado cabelo do Giovanni. Vovó Sirlei da voz alta, das
histórias repetidas. Vovó de feitos inusitados como... “caçar canários” com a mão!
Mulher que ultrapassa os setenta, que por boa parte deles quebrou geada com os
pés. Madrugou, ordenhou lavou e passou, passou, passou a roupa de teus filhos e
marido. Cuidou de cada detalhe e para cada um fez melhor. Costurou, encerou
limpou limpou e limpou.Foi companheira presente nos momentos em família. Foi
referência de vida. Foi mulher atrevida. Brincou em parte com a saúde judiando
de si própria, fazendo-nos tristes, por amá-la. Hoje precisas de companhia. Deus
em primeiro lugar e nós por ti a orar. Tua filha incansável teu neto eu e a
saudade. De nós o reconhecimento de que nada seria possível sem você. De nós o
obrigado eterno por tudo e esse tudo é tanto que nem me atrevo a descrever.
Obrigado por teres sobrevivido aos rigores dos invernos provendo o melhor aos
seus. Por teres amado incondicionalmente – ainda bem né? - Graças por teres criado cinco e tomado
conta de outro sendo a ele fiel companheira. Obrigado por teu coração que soube
perdoar ingratidões! Quanto a nós, te amamos e seremos eternamente gratos por
seres sempre a nossa vovó Sirlei.
José Berton
Jornalista
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