Antes de tomar a decisão de começar o que ora me proponho a escrever, me vi diante de inúmeras dúvidas que por muito pouco não fizeram com que eu desistisse de minha intenção. Entre tantas indagações, várias recaíram sobre o comportamento de algumas pessoas que me parecem estar completamente alienadas do momento em que a nossa comunidade riograndense se encontra. O da seca! Desta reação da natureza, que é sem dúvida alguma uma maneira em que o círculo da vida optou para puxar nossas orelhas e nos alertar mais uma vez sobre o desrespeito para com ela. Ainda assim há aqueles viventes que me parecem burros (perdoe-me o animal) ao cometerem, descaradamente, crimes contra a natureza. E se não sabem ainda o que é que faz parte deste ecossistema, é bom lembrá-los de que todos os seres vivos dependem de gente com consciência plena de seus atos. Onde somos, sim, um elo. Onde é grande e insubstituível a dependência um do outro, ou seja, tu destróis, enquanto outros lutam para fazer com que a cabecinha de camarão, que teu corpo ostenta como troféu, entenda de uma vez por todas que tu não deves gastar a água que ainda resta na terra (ou não estás nem aí?) com manias, como lavar a tua calçada, por exemplo! E não me venha dizer que economiza água durante o ano todo e que já não agüenta mais a poeira! Já pensou se todos os incomodados com poeira resolvessem lavar suas calçadas? Outros economizam a vida toda e nem por isso usam deste recurso para apagarem suas neuroses! Poupe-me! E vê se poupa água também! Para ti, se cabe, deveria ser aplicada uma bela ação do mundo em cadeia que clama pela conscientização, perante a irresponsabilidade e descaramento com que te comportas diante de uma realidade que a ti parece inexistir. As gerações futuras que dêem jeito... e se é que não me entendes, os teus filhos, netos, bisnetos, e por aí vai, é que irão colher daquilo que tu destroí, hoje, sem nenhum desajuste de consciência! Afinal, para teu conforto, tu não estás sozinho neste quadro: há também os que lavam teus carros (bem escondidinhos lá no interior da tua garagem ou do pátio que é o teu mundinho livre de olhares e de fiscalização), e por incrível que possa nos parecer, há igualmente os que tiram essa época para desencracarem seus telhados! Mas também, ninguém é multado. Ninguém se vê ameaçado pelo constrangimento – sentimento que só ocorre aos que ainda resta um pouco de vergonha! Vergonha por agirem à surdina e pousarem de ecologistas aqui fora do seu mundinho! Vergonha por não terem se dado por conta, coitados, de que realmente agem mal. Agem contra tudo e contra todos! Afinal, não temos fiscalização suficiente, e se tivéssemos, será que as leis seriam para todos? Bem, quanto a isso não sabemos. Agora, quanto a testemunhar e denunciar, cabe a todos nós. Talvez por vezes sejamos omissos, mas quem sabe num outro momento nos redimamos e passemos a agir como cidadãos, exercendo nosso papel para com a mãe natureza, delatando essas barbáries e seus autores. Diante de tudo, tu lembrarás, quem diria, de tua caixa d’água e, em mais um momento de burrice (e que a espécie me perdoe novamente), acharás que tens razão e que tens, sim, o direito ao desperdício. Com isso vou tratar de lavar minhas mãos. Mas que seja bem rapidinho, porque alguém tem de racionar, para suprir tua irresponsabilidade, para que não falte água àqueles que não tem participação desta peça tua contra todos! Contra o mundo!
Jornalista
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