Natal II
Quem diz não ter saudades não sabe mentir, ou não sabe viver bem. Saudades têm todos, seja lá do que for. Nesta época de arranjos e rapapés, mais fácil sentir saudades do que outro sentimento qualquer. Natal! Ano Novo! Tudo é motivo suficiente para que eclodam os mais nobres sentimentos. Daqui a pouco os fogos irão tomar conta do silêncio e quebrarão todas as possibilidades de um viver com qualidade. Mas, por outro lado as pessoas terão oportunidade única para abraços e beijos! Pedidos de perdão, de namoro, de promessas, de casamentos, de liberdade e de... Tudo aquilo que for conveniente a cada qual. A vergonha estará presente, e deixara de estar ao mesmo tempo. A ceia posta fará a diferença. A disposição de cristais, pratos e talheres encherá os olhos e será motivo para comentários, os mais variados, até mesmo daqueles que não chegaram antes para ajudar e que serão os primeiros a detectar os mais insignificantes defeitos. Os pacotes deverão ser abertos com a maior das expectativas. O conteúdo deles só Deus sabe! O que também não quer dizer que vá agradar a todos. Sempre terá um para se achar injustiçado. Fazer o que?... Basta que a paz esteja presente nos corações e contenham lágrimas de contentamento para mais tarde. Ou deveria ser para já! Melhor chorar lágrimas de arrependimento na hora oportuna a deixá-las serem engolidas pela hipocrisia dos fracos. Mas afinal? O aniversariante? Onde anda aquele com o qual poucos se lembram de brindar em primeiro lugar? Será um mistério o sumiço ou pura imaginação prestes a ser exterminada pelo tempo? Tempo algoz a suplantar qualquer dos vestígios de ter um dia nascido para a vida e ressuscitado novamente para ela após sua morte! Onde anda este que todos se lembram de clamar nas horas em que a água bate no pescoço? Na ceia de seus bilhões de irmãos que habitam o planeta é que não está. Talvez na casinha de um ou outro sem teto que de maneira simbólica reza, ora, e agradece. Ainda dá tempo para agradecimentos, ainda há tempo para confraternizar sem deixar de lado o mestre Jesus Cristo. O Rei dos Reis. O ídolo de tantos e de tão poucos que ainda lembra-se de abrir para ele, as portas de sua casa. Feliz natal e que a paz de Cristo esteja convosco. De minha parte peço perdão. Também sou pecador e como todos, filho de Deus.
José Ramos Berton
Jornalista
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